AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES DA AMÉRICA

 

1. A OCUPAÇÃO DA AMÉRICA

Muito antes da chegada de Cristóvão Colombo, a América já era ocupada por vários povos que viviam de variadas formas que iam da organização tribal, como os povos que habitavam a região onde hoje é o Brasil, até vastos impérios, como era o caso dos incas e dos astecas, que se localizavam na região conhecida como Meso-América. Muitas dessas civilizações desapare­ceram em consequência da colonização que se iniciou no final do século XV, mas deixaram suas heranças históricas que, até os dias de hoje, marcam o nosso continente.

Os astecas e maias conheciam a escrita e registravam regularmente o seu cotidiano, mas grande parte dos documentos produzidos antes de 1492, que poderiam nos revelar muitos aspectos do seu modo de vida, foi destruida pelos conquistadores.

Em seu lugar ficaram os relatos feitos pelos europeus que, em sua grande maioria viam a cultura americana como inferior à europeia. Na atualidade a arqueologia tem feito várias descobertas que peritem elucidar um pouco mais da cultura dos primeiros habitantes da América.

 

2. OS MAIAS

A sociedade maia se estabeleceu na região que hoje compreende o sul do México, a Guatemala e a Península do Yucatán. Os indícios apontam que por volta de 900 a.C. estavam estabelecidos ali.

Politicamente os maias se organizavam cidades-Estados que se caracterizavam como centros religiosos. As cidades-Estado mais importantes eram Palenque, Tikal e Cópan.. A base da economia era a agricultura, sobretudo de milho. As práticas agrícolas eram rudimentares, com a utilização de instrumentos simples e a prática da queimada para limpar o terreno.

A parcela mais numerosa da população era formada por trabalhadores agrícolas, denominados mazehualob. O governo era exercido por um monarca, que tinha vários auxiliares nas funções religiosas, administrativa e militares. A monarquia era hereditária e tinha forte conatação religiosa.

A religião era um traço marcante em toda a sociedade maia. Acreditavam que a vida era dirigida pelos deuses, que eram cultuados em grandes templos. A maior parte dos deuses era representada por elementos naturais como o Sol, a chuva ou o vento, mas acreditavam em um deus criador do mundo, que eles chamavam de Hunab. Os maias usavam uma escrita hieroglífica que tinha si­nais pictográficos e símbolos que representavam as síla­bas. Tinham amplo conhecimento de astronomia, que usa­vam para prever eclipses e observar os movimentos dos astros. Criaram um calendário de 365 dias, dividido em dezoito meses de vinte dias cada um, aos quais se somavam mais cinco dias para completar o ciclo solar. Na matemática, estabeleceram um símbolo para o zero.

A partir do século IX d.C. as cidades do sul começa­ram a desaparecer enquanto as cidades localizadas ao norte da Península de Yucatán continuaram progredindo até a chegada dos espanhóis, que provocou uma trágica mudança na história daquele povo.

 

3. OS INCAS

Os incas formaram um vasto império que ocupava a região que hoje corresponde à Bolívia, ao Peru, ao Equa­dor, parte do Chile, chegando até a Argentina. As terras do Império Inca iam dos Andes até a região litorânea.

No início de sua formação, organizavam-se em tribos que formavam uma confederação no Vale do Cuzco (Twantsuyu). As disputas com povos vizinhos criaram nos incas o impulso expansionista. Na primeira metade do século XV começou a expansão inca. A justificativa usada para avançar sobre as terras alheias era a de levar aos povos que eles conside­ravam selvagens uma cultura mais avançada. Ironicamen­te, no século seguinte, os europeus dominaram a América usando o mesmo argumento.

A fim de manter o controle sobre os povos domina­dos, os incas desenvolveram um eficiente sistema de comunicação entre as várias partes do Império que con­sistia na construção de uma rede de estradas e na ma­nutenção de postos de informações que eram percorri­dos por vários mensageiros que passavam a informa­ção de um posto a outro. A exploração das províncias era feita através do trabalho familiar. Cada família re­cebia um lote de terra para cultivar, além da obrigação de prestar serviços nas terras do Kuraka, que era o che­fe da comunidade. Esta prestação de serviço era chamada de mita.

O Império Inca era formado por inúmeras comunida­des agrícolas, os chamados ayllus, e seu líder máximo era o Inca, considerado filho do Sol, e que era auxiliado na sua tarefa de governar pelos kurakas. A sucessão imperial não era hereditária, e quando o Inca morria os nobres luta­vam entre si para definir quem seria o novo rei. Todas as famílias tinham a obrigação de pagar tributos em espécie ao Inca, o que servia para sustentar a sua família e uma aristocracia formada por religiosos e militares.

O sistema de pagamento de impostos retirava dos agri­cultores uma expressiva parte dos alimentos que deveri­am servir para o seu sustento, além de estabelecer que a população deveria pagar impostos através de serviço, geralmente afastado dos seus locais de residência( construindo ou mantendo as redes as estradas e posto de informação). Aliada à essa exploração, a dominação política exercida pelo Inca e por seus exérci­tos provocava frequentes rebeliões dos povos dominados. Quando havia revoltas, a repressão era imediata. As co­munidades muito rebeldes eram levadas para outras re­giões como forma de castigo.

 

4. OS ASTECAS

Os astecas criaram uma civilização com fortes traços urbanos. A capital, Tenochtitlán, possuía uma vida urbana muito movimentada, um ativo centro de comércio, inú­meras construções que abrigavam a administração públi­ca e vários templos e pirâmides dedicados aos inúmeros deuses cultuados por eles. De tal forma Tenochtitlán re­presentava o poderio asteca que os espanhóis, no proces­so de conquista da América, transformaram a cidade em ruínas e construíram sobre elas a Cidade do México, a fim de que não restasse um traço sequer da importância que a cidade havia representado.

Quando os espanhóis chegaram à América, a civiliza­ção asteca ocupava uma região que se estendia da fronteira da atual Guatemala até o México, e do Oceano Pacífico até o Golfo do México. As riquezas acumuladas pelos reis sur­preenderam os espanhóis e foram, evidentemente, um dos mais fortes motivos para a destruição daquela civilização, e quando os astecas perderam a sua força militar, todos os tesouros foram saqueados.

Os astecas migraram para o Vale do México no início do século XIII. Posteriormente fizeram uma aliança com os habitantes de duas outras cidades — Texcoco e Tlaconpán —, e passaram a praticar uma política imperi­alista de conquista das regiões vizinhas. Aos poucos Tenochtitlán foi ganhando importância, se sobrepôs às outras duas cidades e tornou-se a capital do 
Império Asteca.

O controle sobre as regiões dominadas era feito através de uma poderosa força militar que garantia a submissão dos outros povos e o pagamento dos tributos devidos ao imperador asteca. Foi graças a essa exploração econômi­ca que os governantes conseguiram acumular os tesouros que foram levados pelos espanhóis.

O governo era exercido por um monarca, denominado Tlatoani, que era eleito pelos membros da camada domi­nante (militares, funcionários do alto escalão da adminis­tração pública e sacerdotes). Após a eleição, o novo rei tinha o seu poder sancionado pelos sacerdotes, que confe­riam a ele um caráter divino. Também no Estado asteca política e religião se articulavam de forma a garantir que o poder não fosse questionado.

A camada social mais baixa era formada principalmente por tra­balhadores agrícolas que tinham o direito de explorar um lote de terra, com o compromisso de pagar tributos ao Estado. As crianças tinham escolas e havia a possibilida­de de ascensão social para os que quisessem entrar para o exército ou para o clero.

Como habitavam uma região pantanosa, os astecas de­senvolveram um sistema de cultivo em plataformas, de­nominadas chinampas, que eram construídas na superfí­cie dos lagos utilizando-se o lodo e as plantas aquáticas. A fim de viabilizar o uso das plataformas, foram construídos diques e canais para controlar as águas.

Os astecas praticavam a escravidão, mas essa prática era bastante diferente daquela introduzida na América a partir do século XVI pelos colonizadores. O escravo po­deria ser um prisioneiro de guerra, ou alguém que não ti­nha outra forma de pagar uma dívida que não fosse ofere­cendo a si próprio. Mas a escravidão era, em geral, tem­porária. Após a quitação da dívida, através da prestação de serviços, a pessoa readquiria a sua liberdade. Os filhos de escravos nasciam livres e, além disso, era possível com­prar a liberdade.

A intensa atividade urbana foi responsável pela consti­tuição de uma camada média, formada por comerciantes, artesãos e funcionários públicos. Os comerciantes eram denominados de pochthecas e, graças ao seu trabalho, podiam acumular grandes fortunas. Mas, mais do que a riqueza material, a grande fonte de poder no Império Asteca era o Estado. O grupo que realmente exercia o poder era formado pelo Tlatoani, pelos sacerdotes, pelos militares e pelos membros do alto escalão do serviço público.

A mitologia asteca previa o retorno à Terra dos deuses que haviam criado a vida. Quando os espanhóis chegaram àquela região foram confundidos com os deuses. Por causa disso, foram recebidos com honrarias pelos astecas, que acei­taram submeter-se à dominação. Quando entenderam que pessoas tão ambiciosas e cruéis não poderiam ser deuses, já era tarde de­mais: os conquistadores já haviam se apoderado do Império.

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