Baixa Idade Média

 

Convencionalmente, quando se estuda a Idade Média, opera-se uma divisão didática em dois períodos. O primeiro deles é conhecido como Alta Idade Média, isto é, o período que compreende desde a queda do Império Romano Ocidental, por volta do século V d.C., até o século X. O segundo refere-se à Baixa Idade Média, que se estende do século X ao século XV, cuja data simbólica que marca seu fim é o ano de 1453, quando houve a tomada de Constantinopla – sede do Império Bizantino – pelo Império Turco-Otomano.

Sendo assim, na Baixa Idade Média, ocorreu o apogeu da civilização medieval, ou, em outros termos, o apogeu da Cristandade – ou civilização cristã europeia. Se até meados do século IX predominou o sistema econômico feudal, com uma estrutura rígida e isolada – com cidades fortificadas, que necessitavam de defender-se das ondas de invasões bárbaras –, na Baixa Idade Média irromperam fenômenos como o renascimento comercial e urbano, decorrentes da abertura que o movimento das Cruzadas provocou contra o domínio muçulmano do Mar Mediterrâneo. As Cruzadas possibilitaram a retomada intensa do fluxo comercial com as regiões do Oriente e da África, o que exigiu uma reforma na estrutura das cidades, que deveriam comportar mercadorias e pessoas de várias regiões do mundo. Foi nessa época que, em decorrência dessa mudança, começou a destacar-se um novo grupo social: a burguesia.

No plano religioso e cultural, a Baixa Idade Média caracterizou-se por ser também o período da Reforma Gregoriana da Igreja Católica, da filosofia escolástica, da construção das universidades e das imponentes catedrais góticas. A Reforma Gregoriana foi responsável por elaborar uma série de medidas que solidificou a Igreja Católica como instituição. Dentre tais medidas, podemos citar: a distinção entre o poder secular e o poder espiritual (da Igreja), a distinção dos papéis entre clérigos e leigos católicos, a instituição dos sacramentos e a regularização da ação das ordens religiosas.

A filosofia escolástica teve como principal representante São Tomás de Aquino, que construiu um sistema teológico e filosófico que revisava toda a tradição patrística e ancorava-se no pensamento de Aristóteles. O sistema das universidades medievais veio atender a demanda por conhecimento universal, sobretudo nas áreas de Teologia, Medicina, Direito e Artes. Já as catedrais tornaram-se expressão máxima da arquitetura medieval, que, segundo autores como Panofsky, podem ser consideradas como correspondentes em pedra da filosofia escolástica.

Datam desse período também as revoltas camponesas, provocadas por uma série de más colheitas que provocou fome e desnutrição. Somou-se a esse fato o acontecimento mais terrível em termos de epidemia no continente europeu, a Peste Negra, que provocou um enorme decréscimo na demografia europeia, além de mortes dolorosas e horríveis.

Como dito no início do texto, o período da Baixa Idade Média encerrou-se, convencionalmente, no ano de 1453, com a queda do Império Romano do Oriente e o domínio de Constantinopla pelos turcos, ainda que, em outras regiões, como em Portugal e Espanha, a Idade Média tenha tido “ecos” até meados do século XVII.

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